quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

MINHA PRIMEIRA ÁRVORE DE NATAL

Nessa foto você pode estar vendo apenas uma árvore de natal exótica, rudimentar até, feita com cipós enrolados e decorada com umas poucas bolas de natal e algumas lâmpadas brancas. Na base, um tapete de palha, circunvizinhado por lâmpadas coloridas, com pedrinhas azuis salteadas e um presépio alternativo, feito de cerâmica e com “bonecos” de poucos traços. Você pode até ver isso, mas eu vejo outras coisas...

Após passar em um concurso para professor da Universidade Federal de Pernambuco, fui lotado no Campus do Agreste, que fica em Caruaru, cidade que, por seu São João gigantesco recebe o carinhoso título de “Capital do Forró”. Estou morando aqui a pouco mais de dois meses e embora sempre tenha tido uma relação familiar com a cidade, morar na terra da famosa feira de Caruaru tem sido um desafio, um bem-vindo e estimulante desafio. E foi nessa feira, cantada e decantada, em prova e verso, “que tem de tudo pra se ver”, que encontrei aquela que seria a “minha” primeira árvore de natal. Primeira, porque foi a primeira que eu mesmo montei e decorei, do meu jeito, do início ao fim.

Dizem que o pinheiro foi escolhido como “a” árvore de natal porque é uma das poucas plantas que, no rigoroso inverno que assola os países do hemisfério norte, não perde suas folhas, ou seja, tem “história” para contar... Pelas bandas de cá, no hemisfério sul e próximo à linha do Equador, o clima é um tanto quanto diferente, sendo um período de forte calor. Aqui no agreste pernambucano a árvore mais apropriada seria talvez o mandacaru, espécie de cactus que armazena água para suportar o clima seco, mantendo assim um verde vivo-esperança, esperança de chuva, que contrasta com o cinza-triste da vegetação ressequida.

Mas eu não tinha um mandacaru e ainda assim, continuava querendo um pouco de árvore “com história”, de modo que uma, feita por mãos simples de artesão, única em seu formato (desse tipo, não há duas exatamente iguais como acontece com os pinheiros artificiais que saem em massa das grandes fábricas nesse período), baseada em cipós naturais trabalhados para obter essas mesmas formas únicas a que me referi, me pareceram uma boa história para contar, tanto que aqui estou. Bati a feira de artesanato de Caruaru – local onde meu pai trabalhou por tantos anos – atrás daquela árvore e a descobri quando bati os olhos nela. Ainda pechinchei junto ao vendedor, mesmo sabendo que a levaria até por um preço maior. O tapete veio de bônus na negociação.

Na sequência, o desafio da decoração, que devo confessar, não é um dos meus atributos mais fortes. Porém, a sensação de comprar sozinho todos os apetrechos, colocando-os numa ordem aleatória, porém pessoal, sabendo que cada detalhe que enfim compôs a árvore, até mesmo o presépio encomendado a um famoso artesão do Alto do Moura – também único e original – me dão uma sensação de liberdade, de (re)nascimento. E foi justamente para que tenhamos a sensação de sermos libertos que Deus enviou seu filho ao mundo, filho que, como bem diz Santo Agostinho, “foi tão humano, mas tão humano, mas tão verdadeiramente humano, que só podia ser Deus”. Disse Ele: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenitude”. Para isso Ele nasceu, por isso fazemos memória de seu nascimento, sem isso não faria sentido desejar Feliz Natal e distribuir presentes.

Pra você pode até ser uma rústica árvore de natal; pra mim, ela representa vida plena, liberta, alada como as asas de um pássaro encantado, transformadora como a ideia que faz a mente viajar e os olhos brilharem...

4 comentários:

A Garota do Blog disse...

Meu lindo! Sua árvore está muito linda!!! Cheia de significados que emocionam a alma!
Proponho fazermos uma árvore de mandacaru, cheia de enfeites de barro do Alto do Moura! Podemos combinar para comprarmos juntos! DEPOIS DECIDIMOS ONDE ELA FICARÀ!
Bjs!
Lucia Andrade

Unknown disse...

linda túlio desculpa te chamar assim ainda, é o costume.adorei! ta de parabéns. bjus e um feliz natal e q seus sonhos se renove e seja realizada no ano q vai começar.

Hellen Taynan disse...

Espero que esta mudança tenha sido motivo de alegria, de fazer novos amigos e realizar alguns sonhos! Não conheço sua história, mas pelo que ví em seu blog, percebo sua sutileza e carinho ao organizar as palavras e o saudosismo ao pisar na "nova terra". Sua árvore está linda pois ao molda-lá a seu modo, remete-nos à memória da singela simplicidade de Cristo que mesmo sendo o Deus do ouro e da prata (Ag. 2:8), não ostentou riquezas e fez-se humilde ao andar com o seu povo. Que Deus abençoe ao senhor e a toda sua família. Um Natal de Paz e Luz e um Ano Novo repleto de realizações.

Unknown disse...

Meu amigo,
Como sempre vc sabe utilizar bem as palavrs adorei ler seu texto é muito cativante e como vc cheio de surpresas...Feliz Natal e que continue assim....abraços