domingo, 15 de agosto de 2010

ENCERRANDO...

A terra gira em torno do sol, voltamos assim sempre ao mesmo lugar, mas sempre é diferente como na música “Por Enquanto” do Renato Russo, imortalizada pela Cássia Eller,“...mudaram as estações, nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu, está tudo assim tão diferente...” ou como no poema do T.S. Eliot, “E no fim de nossa viagem, voltaremos ao nosso ponto de partida e teremos a impressão de vê-lo pela primeira vez”.

Primavera, verão, outono e inverno. A vida é medida por ciclos anuais, talvez por isso o hábito nosso de a cada ano, após uma sequência completa de mudanças de estações voltemos nossas memórias para o dia em que nascemos e comemoremos a data de nosso aniversário. Também “medimos” por anos muitos dos fatos de nossas vidas, relembrando em que estágio da vida estávamos um ano atrás por exemplo. Bom perceber que estamos em uma espiral crescente. Difícil porém quando essa percepção nos faz ver que ao invés de avanços contamos retrocessos, como na música do Chico: “... a gente vai contra a corrente até não poder resistir, na volta do barco é que sente o quanto deixou de cumprir...”.

Já foi tão mais fácil, tão mais leve, tão mais prazeroso escrever... hoje nem quando decidi por me render à falta de inspiração e encerrar as atualizações desse blog com uma série de mensagens em 7 dias as coisas correram como planejado... bom mesmo admitir pra si que o tempo deixa marcas, que não dá pra apagar assim tão fácil. Desta feita, neste 15 de agosto, dia especial, dia de festa, dia da assunção de Maria, aquela criatura pela qual o próprio Deus se apaixonou e quis com ela ter um filho, filho que viria ao mundo ensinar o pleno sentido do amor, neste dia em que ela sobe aos céus e reencontra seu amor verdadeiro, neste dia tão bonito que a dogmática teima em tratar de forma burocrática, encerro enfim as atualizações desse blog. [ele não tem mais palavras para continuar...]


“Que o caminho seja brando a teus pés
E o vento sopre leve em teus ombros,
Que o sol brilhe cálido sobre tua face,
As chuvas caiam serenas em teus campos.
E até que, de novo, eu te veja,
Que Deus te guarde na palma da sua mão”

(Bênção Irlandesa)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

No Terceiro dia...

NADA... não consegui escrever... muito mais falta de inspiração do que assunto... na verdade muito pra falar com pouco pra dizer... quem sabe amanhã, no quarto dia...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

No segundo dia...

No Gênesis, Deus cria o mundo em seis dias e descansa no sétimo. Metodologia eficiente, que permite pensar os passos dados e permite também um não pensar, um descansar. Talvez o mecanismo de “descriação” seja similar ao da criação, talvez por isso escolher sete dias para descriar um blog...

No primeiro dia não havia nada,
Tudo era sem forma, sem brio,
Sem luz e sem trevas,
Apenas o vazio.
Bom ter luz, ruim as trevas...
Em não tendo-se o bom,
Fica-se com o vazio.
Parece a melhor saída,
Ao menos nos dá a perspectiva,
Ainda que remota,
De uma recriação criativa.

No segundo dia,
Aquele após o primeiro,
Dividem-se as águas, cria-se um céu inteiro
E como que num roteiro
A água que pra lá sobe,
De lá volta um dia
E para o céu de novo torna,
Num ciclo que se completa
Quando o outro se reinicia,
Tal qual a vida nossa
vida "drummondiana" de cada dia.

E quando não houver
Lágrimas mais para derramar,
O céu em expectativa, ficará
Esperando que o efeito
Das lágrimas de outrora
Cesse, pare, passe,
Apenas para que, de novo um dia,
Vapor condensado em noite quente
Diante da calmaria,
Renasça em tempestade,
Reiniciando a vida ou a agonia.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Anúncio de Despedida: no primeiro dia...

Gostava de brincar que tinha uns quatro leitores aqui no blog. Creio que hoje tenha quase cinco [ele está “tentando” ser engraçado...]. Assim, aos meus quase cinco leitores, se é que ainda passam por aqui, informo que estou encerrando esse blog no próximo domingo. Antes disso, vou tentar escrever diariamente nele pela primeira vez, um último desafio à indisciplina criativa da qual sempre fui vítima.

Desta vez porém, como outrora já aconteceu, não irei cometer um “blogcídio” desativando o endereço, até porque, com esta antecedência anunciada seria um “blogcídio premeditado”. Também não irei deletar os posts anteriores como infelizmente já fiz. Tudo isto porque a experiência acaba ensinando que certos artifícios digitais não funcionam em campos mais complexos do ser, do sentir, do agir, do existir... o “deletar” na tela não funciona muito bem na “mente”.

As mensagens aqui escritas, pelo menos as que sobreviveram às contradições do autor, aqui permanecerão. Não como um marco, talvez mais como um sepulcro, onde se torna e se retorna, quando em vez, para fazer memória de momentos únicos que valeram sim a pena como os campos de trigo da raposa do Exupéry, mas que perdem o sentido diante de nossas ações (ou falta delas) em detrimento às palavras. Amo as palavras, reconheço sua força mágica, mas o encantamento acaba quando a palavra não se torna carne. Talvez por isso Deus tenha querido tanto que seu filho nascesse de uma mulher (“...e o verbo se fez carne...”), mulher pela qual Ele, o próprio Deus, se apaixonou.

Por falar nessa mulher, apenas a título de curiosidade, no próximo domingo, data prevista para o, digamos, encerramento de atualizações no blog, também é comemorada a festa de sua assunção, de sua subida ao céu, a qual prefiro ver de forma mais poética do que dogmática. Assim, quero acreditar que seja a festa na qual Deus reencontra a mulher pela qual se apaixonou um dia. Assim, a festa me parece mais bonita, mais litúrgica, mais real.

Voltando ao tema principal, o encerramento do blog acontecerá não por ausência de assuntos, opiniões ou sentimentos, muito pelo contrário, mas porque o autor percebeu a “presença da ausência” do querer, do poder, do ter direito a... e isso faz com que seja muito difícil escrever mesmo quando se tem muito a dizer... o Roberto Carlos meio que já cantou essa sensação de ter tanto pra falar mas não saber como dizer em palavras.

Além disso, é preciso saber sempre a hora de ir embora... Utilizando-se mais uma vez do artifício de referência à músicas, evoco em meu favor o Gilberto Gil com um de seus mais recentes sucessos, trilha sonora principal do filme “o homem que desafiou o diabo”: “...quem se escafede, se antecede ao fim do FIM...”