terça-feira, 11 de maio de 2010

TUDO SOBRE VOCÊ

Não me canso de admirar, mesmo que com uma “pontinha” de inveja (da boa), a incrível capacidade de síntese dos poetas e dos compositores, competência que lhes dá condições de falar sobre o infinito em quantidades finitas de palavras.

Dia desses me deparei com uma dessas preciosidades, a música “Tudo Sobre Você” do John Ulhoa e da Zelia Duncan, muito bem interpretada pela própria Zelia. Abaixo a letra da música e um link para quem desejar ouvi-la (recomendo!):

TUDO SOBRE VOCÊ

Queria descobrir

Em 24hs tudo que você adora
Tudo que te faz sorrir
E num fim de semana
Tudo que você mais ama
E no prazo de um mês
Tudo que você já fez
É tanta coisa que eu não sei
Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você

E até saber de cor
No fim desse semestre
O que mais te apetece
O que te cai melhor
Enfim eu saberia
365 noites bastariam
Pra me explicar por que
Como isso foi acontecer
Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você

Por que em tão pouco tempo
Faz tanto tempo que eu te queria

Ouça a música AQUI

Quando se está apaixonado as coisas acontecem mais ou menos assim como na música, cada hora, cada fim de semana, cada mês, cada semestre, cada conjunto de 365 dias é dedicado a saber mais, a conhecer mais a pessoa amada, a pessoa que não se esquece, a pessoa em torno da qual os nossos pensamentos passam a girar.

Quando se ama de verdade, não é preciso pedir ao amante que faça resumos sobre a vida do ser amado,até porque a vontade de quem ama não é resumir, é ampliar.

Quando o amor fala mais alto, exigir freqüência de quem se ama soa até ridículo, pois quem ama está presente até na presença de uma ausência.
Quando se ama de coração, não é necessário pedir que quem ama faça uma apresentação em PowerPoint do seu amor, pois a apresentação está nele mesmo, na alegria estampada na “tela” de seu rosto, no entusiasmo com o qual fala sobre a pessoa que ama.

Quando o amor é verdadeiro, não são necessárias provas, avaliações, testes, pois fica sempre notório que a pessoa que ama é expert quando o assunto é o objeto de seu amor.

Quando a pessoa amada passa a ser o centro de sua vida, não existe nota, muito menos média mínima, pois sempre se quer o máximo, sempre se quer ir além dos limites, ir até onde ninguém foi, romper barreiras, sejam elas geográficas, sociais ou mesmo ideológicas.

Quando o coração bate mais forte à mínima menção do nome de quem se ama, e quando essa pulsação acelerada vem acompanhada de um sentimento de felicidade, não existem reprovações, apenas a certeza de que se tem o essencial e não o supérfluo e, ainda que esse “essencial” seja invisível aos olhos como nos ensina a raposa d’O Pequeno Príncipe.

Se utilizássemos um pouco dessa lógica em nossas salas de aula, nós professores, compreenderíamos que nosso objetivo principal não é o de ensinar o assunto, o conteúdo programático, a ementa, mas sim o de sermos “cupidos” intermediadores entre os alunos e os conhecimentos.

Nosso papel é o de promover, atiçar e eternizar a paixão pela busca do conhecimento. Se fizéssemos isso, resumos, apresentações, seminários,
chamadas, provas, testes, simulados, notas, médias, aprovações, seriam termos obsoletos para designar palavras como amplidão, felicidade, prazer, alegria, intensidade, motivação, autonomia, liberdade, admiração, realização, integridade, coerência...

Colegas professores, bem que podíamos ouvir mais músicas, recitar mais poesias, assistir mais filmes, enfim, nos apaixonar mais, pois sem paixão não faz sentido ser professor, não faz sentido ser aluno, não faz sentido existir conhecimento algum, pois não haveria sentido em buscá-lo. Nada faz mesmo muito sentido quando não se tem paixão...

Um comentário:

Rafael disse...

Concordo que a vida merece ser realizada com paixão. Sempre. É só assim que ela nos permitirá descobrir o que nos une ao mundo e às pessoas.