terça-feira, 10 de agosto de 2010

No segundo dia...

No Gênesis, Deus cria o mundo em seis dias e descansa no sétimo. Metodologia eficiente, que permite pensar os passos dados e permite também um não pensar, um descansar. Talvez o mecanismo de “descriação” seja similar ao da criação, talvez por isso escolher sete dias para descriar um blog...

No primeiro dia não havia nada,
Tudo era sem forma, sem brio,
Sem luz e sem trevas,
Apenas o vazio.
Bom ter luz, ruim as trevas...
Em não tendo-se o bom,
Fica-se com o vazio.
Parece a melhor saída,
Ao menos nos dá a perspectiva,
Ainda que remota,
De uma recriação criativa.

No segundo dia,
Aquele após o primeiro,
Dividem-se as águas, cria-se um céu inteiro
E como que num roteiro
A água que pra lá sobe,
De lá volta um dia
E para o céu de novo torna,
Num ciclo que se completa
Quando o outro se reinicia,
Tal qual a vida nossa
vida "drummondiana" de cada dia.

E quando não houver
Lágrimas mais para derramar,
O céu em expectativa, ficará
Esperando que o efeito
Das lágrimas de outrora
Cesse, pare, passe,
Apenas para que, de novo um dia,
Vapor condensado em noite quente
Diante da calmaria,
Renasça em tempestade,
Reiniciando a vida ou a agonia.

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