segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Anúncio de Despedida: no primeiro dia...

Gostava de brincar que tinha uns quatro leitores aqui no blog. Creio que hoje tenha quase cinco [ele está “tentando” ser engraçado...]. Assim, aos meus quase cinco leitores, se é que ainda passam por aqui, informo que estou encerrando esse blog no próximo domingo. Antes disso, vou tentar escrever diariamente nele pela primeira vez, um último desafio à indisciplina criativa da qual sempre fui vítima.

Desta vez porém, como outrora já aconteceu, não irei cometer um “blogcídio” desativando o endereço, até porque, com esta antecedência anunciada seria um “blogcídio premeditado”. Também não irei deletar os posts anteriores como infelizmente já fiz. Tudo isto porque a experiência acaba ensinando que certos artifícios digitais não funcionam em campos mais complexos do ser, do sentir, do agir, do existir... o “deletar” na tela não funciona muito bem na “mente”.

As mensagens aqui escritas, pelo menos as que sobreviveram às contradições do autor, aqui permanecerão. Não como um marco, talvez mais como um sepulcro, onde se torna e se retorna, quando em vez, para fazer memória de momentos únicos que valeram sim a pena como os campos de trigo da raposa do Exupéry, mas que perdem o sentido diante de nossas ações (ou falta delas) em detrimento às palavras. Amo as palavras, reconheço sua força mágica, mas o encantamento acaba quando a palavra não se torna carne. Talvez por isso Deus tenha querido tanto que seu filho nascesse de uma mulher (“...e o verbo se fez carne...”), mulher pela qual Ele, o próprio Deus, se apaixonou.

Por falar nessa mulher, apenas a título de curiosidade, no próximo domingo, data prevista para o, digamos, encerramento de atualizações no blog, também é comemorada a festa de sua assunção, de sua subida ao céu, a qual prefiro ver de forma mais poética do que dogmática. Assim, quero acreditar que seja a festa na qual Deus reencontra a mulher pela qual se apaixonou um dia. Assim, a festa me parece mais bonita, mais litúrgica, mais real.

Voltando ao tema principal, o encerramento do blog acontecerá não por ausência de assuntos, opiniões ou sentimentos, muito pelo contrário, mas porque o autor percebeu a “presença da ausência” do querer, do poder, do ter direito a... e isso faz com que seja muito difícil escrever mesmo quando se tem muito a dizer... o Roberto Carlos meio que já cantou essa sensação de ter tanto pra falar mas não saber como dizer em palavras.

Além disso, é preciso saber sempre a hora de ir embora... Utilizando-se mais uma vez do artifício de referência à músicas, evoco em meu favor o Gilberto Gil com um de seus mais recentes sucessos, trilha sonora principal do filme “o homem que desafiou o diabo”: “...quem se escafede, se antecede ao fim do FIM...”

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